27 May 2008

"Mulheres são burras"...



É o que diz o idiota do Diretor do Departamento Penitenciário. Mas olhando bem, pensando não só nas estatísticas que a matéria traz, mas também nas referentes aos crimes pelos quais as presas foram condenadas, bem... Vamos dizer que a mulherada não está acertando muito não... Fazer oque? A sociedade fica enfurnando na cabeça o dispositivo o tempo todo, tanto o sexual quanto o amoroso. É difícil não cair na tentação de ser padrão. E depois, exclusão. Fora as outras várias formas de prisão a que somos submetidas todos os dias.

Fonte: Folha de São Paulo - Sucursal de Brasília

Diretor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, Maurício Kuehne culpa as próprias mulheres pelo fato de 62% das presas do país não receberem nenhum tipo de visita social.

"Vou usar uma explicação simplista e que me perdoem as mulheres: é que as mulheres são burras", disse Kuehne, ao ser questionado pela Folha se há uma explicação para esse percentual.
"Elas [mulheres] vão visitar os homens [presos], mas, quando elas são encarceradas, os homens não vão visitá-las. É uma questão de cultura machista", completou.

Segundo o diretor do Depen, o baixo índice de visitação nos estabelecimentos para mulheres influencia diretamente no dia-a-dia do estabelecimento. "Influencia, porque a pessoa que não tem essa relação familiar, sua agressividade vai cada vez mais se acentuando. E a dele também, o homem agressivo nos estabelecimentos penais é justamente por conta disso, de não ter o apoio familiar."
Segundo ele, 80% dos homens presos recebem visitas sociais. "Os que não recebem é porque a penitenciária é distante, e a família não tem recursos [para o deslocamento]."

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Para a juíza Dora Martins, presidente do conselho-executivo da AJD (Associação Juízes para a Democracia), algumas burocracias também têm dificultado as visitas sociais às mulheres, como a exigência, em alguns estabelecimentos, de que as crianças estejam acompanhadas por aquele que tem a sua guarda. Um simples familiar, por exemplo, às vezes não é suficiente.

"Num domingo, na porta de uma penitenciária masculina e de uma feminina, você já percebe essa diferença. É um corte de gênero. Mas dentro da administração [penitenciária] há uma série de impedimentos. Elas [presas] se queixam de não receber a visita das crianças [filhos]", afirma a juíza Martins.

Um raio-X nos estabelecimentos penais femininos do país revela que 62% das mulheres presas não recebem visitas sociais. O isolamento é ainda mais nítido em visitas íntimas: apenas 9% das presas recebem esse tipo de visita. Segundo o governo federal, o quadro nos estabelecimentos penais masculinos é bem diferente. Neles, o índice de presos que não recebem visitas sociais é de 20% -uma diferença de quase 70% em relação às mulheres presas.
Os dados sobre as mulheres encarceradas constam de recente levantamento do Depen "Mulheres Encarceradas - Diagnóstico da Realidade", hoje, 70% dos estabelecimentos penais (mistos ou exclusivos de mulheres) no país permitem a visita íntima.

"A visita íntima ainda passa pelo preconceito, por ainda termos uma sociedade muito machista. O homem talvez se sinta envergonhado de visitar a mulher e ter com ela um relacionamento íntimo na prisão, enquanto as mulheres vão [aos presídios] e se casam com os homens", afirma a juíza Dora Martins, presidente do conselho executivo da AJD (Associação Juízes para a Democracia).

"Quando a mulher entra no presídio, é mais ou menos como assinar um divórcio. Os homens não são tão fiéis como as mulheres", diz o padre Günter Zgudic, coordenador da Pastoral Carcerária Nacional.

Há, hoje, cerca de 27 mil presas no Brasil, distribuídas em 508 estabelecimentos penais, sendo 58 deles exclusivos para as mulheres. Na maioria dos estabelecimentos, a situação é precária: só 27% deles contam com celas especiais para o isolamento da presa (o chamado "seguro") -como o ocupado, hoje, por Anna Carolina Jatobá na penitenciária feminina de Tremembé (interior de SP).
Ainda segundo o relatório do Depen obtido pela Folha, 35% dos estabelecimentos com mulheres têm médico de plantão; 25%, atividades educacionais; 19%, berçário; e 16%, creches.

"Lamentavelmente, não há a observância da Lei de Execução Penal, e os Estados, parece, fazem questão de ignorá-la. Os estabelecimentos penais, como regra, não são dotados dos requisitos contidos na lei", afirma o diretor do Depen, Maurício Kuehne. "O quadro, como um todo, é triste. Chegamos a um ponto em que o quadro atual não pode persistir, precisa ser melhorado."

O que acontece muitas vezes, segundo o governo, é que presídios construídos para homens são desativados e, depois, transformados em locais para abrigar mulheres -ou seja, sem a estrutura adequada às necessidades femininas.

"O quadro é caótico. As mulheres [presas] são afastadas dos filhos. A maioria das unidades prisionais aparta a criança da mãe como um bicho da fêmea. Essa criança é colocada num abrigo, e a mãe nem sabe onde ela está", diz Elisabete Pereira, diretora da Subsecretaria de Articulação Institucional e Ações Temáticas da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. "Não há tempo de preparar a separação ou para que a mãe acione alguém da família para assumir essa criança."

O levantamento do Depen também identificou um perfil das mulheres presas semelhante ao dos presos: 60% delas são negras (contra 55% dos homens e de 49% da população total negra do país), 27% têm entre 18 anos e 24 anos (contra 31% dos homens) e 44% possuem o ensino fundamental incompleto (40% dos homens).

2 comments:

Salve Jorge said...

Burras eu não digo
Mas padecem de um abrigo
De alguém para levar consigo
Pra aguentar o castigo
Mas eles não deixam vestígio
Homem é que não merece prestígio
O que o delegado esqueceu
É que homem que não serve pra nada
Homem que é uma roubada
E deve ter sido o Adão que roubou a maçã
E pôs a culpa na pobre da Eva...

Ana said...

Eu me lembro daquela história (no entanto, comum entre pessoas ordinárias) da Simony, que se casou com um presidiário, na cadeia. Isso sim é burrice - tão burrice que deu no que deu.
Não acho que possa ser dito que as mulheres são burras. Não... pra explicar melhor: mulher pensa com o coração, com amor, com senso humano. Homem pensa com o pau.
Agora... quem é burro aí, hein?