26 September 2006

Savannah - Parte III

Savannah abriu os olhos. Estava exausta após mais uma noite sem sono tranqüilo. Respirou o mais profundamente que pode, mas ainda foi pouco. O ar lhe faltava, por mais que ela buscasse. Sua testa exibia o vinco, agora permanente, causado pela preocupação. O que aconteceria hoje? E amanhã?
Ela sabia que casa ainda estava com os enfeites da festa que nunca aconteceu. E talvez fosse essa a razão da falta de ar. Uma vaga esperança de que ainda houvesse tempo para festejos. Tempo ou razão?
Savannah deu força ao corpo e pode sentir alguns pontos doloridos, fruto das constantes mudanças de posição durante a noite de sono inconstante. Apenas mais uma das várias pelas quais ela estava passando. Mas não podia ficar deitada. Não agora. Ela ainda teria longas batalhas. Não se entregaria. Talvez, nunca tivesse sentido tanta vontade de lutar, mas igualmente tanto cansaço. Ela bebeu o resto de água do copo que passara uma noite tranqüila no criado-mudo. Mais uma busca por ar. Mais falta dele.
Savannah se olhou no espelho e viu pela luz refletida nele que o céu estava limpo e pensou: - Tempo de colheita. Tempo de batalha. O futuro ainda está por ser escrito.

Ophelia de Millais

John Everett Millais, juntamente a William Holman e Dante Gabriel Rossetti foram os membros fundandores de um grupo de artistas chamados "Pré-Rafaelitas", de 1848. Eles rejeitaram a arte do renascimento em favor da arte anterior a de Raphael, de Michelangelo e de Leonardo (15-16 séculos). O Pré-Rafaelitas focavam assuntos sérios e significativos e foram mais conhecidos por pintarem cenas da vida moderna e da literatura, frequentemente usando trajes antigos. Pintavam diretamente da natureza, com tanta veracidade quanto possível e com incrível atenção ao detalhe.

Ophelia é um dos trabalhos mais populares dos Pré-Rafaelitas. As obras de Shakespeare foram uma fonte freqüente da inspiração para pintores Vitorianos. A imagem de Millais, da morte trágica de Ophelia, após cair no córrego e se afogar, é uma das ilustrações as mais conhecidas da peça Hamlet, de Shakespeare.

20 September 2006

REPUBLICANDO: Acreditar para existir.... ou o inverso...

Vi no blog da Magie que Clarice Lispector disse que porque acreditava em anjos, eles existiam. Paulinho Moska diz: “Sonhos são como deuses. Quando não se acredita neles deixam de existir.” No filme “A História sem Fim”, todo um mundo está sendo ameaçado porque ninguém acreditava nele. Faz tempo que eu sentia uma vontade de escrever um post sobre acreditar. Ou melhor, deixar de acreditar.

Quando eu era pequena eu acreditava que iria me casar de branco, em uma igreja e cheguei a desenhar vários vestidos para mim, junto com uma amiga que eu acreditava iria estar eternamente ao meu lado. Eu acreditava que poderia ser uma bailarina, que fosse também bombeira e por sua vez também pilota de avião e morava em um trailer como aquele em que brincava de casinha no quintal da minha avó.

Eu acreditava no coelho e no Noel. Acreditava que existia um lugar cheio de anjinhos que tocavam harpa. E, claro, acreditava que um dos Menudos, Dominós e sei lá mais o que iria ser meu principe encantado, com quem eu seria feliz para sempre. Eu achava também que as crianças nasciam dos beijos que os pais davam na igreja e que o Globo Rural era o programa mais legal da tv brasileira.

Na adolescência deixei de acreditar no catolicismo e no coelho e no Noel. Enfrentando por anos a “realidade” do vestibular, deixei de acreditar que uma bailarina podia ser bombeira e pilota de avião. E percebi que não dá para morar no trailer do quintal da minha avó. Deixei de acreditar numa “primeira vez ideal”, sem a malícia e a violência que às vezes o sexo traz consigo. Descobri como dói quando somos desprezados. E deixei de acreditar que amores são sempre possíveis.

Já adulta, foi a duras penas que deixei de acreditar no romance perfeito, daqueles de cinema; em uma alma-gêmea que todos teríamos; que comédia romântica pode ser inspirada em fatos reais; que chegar na Austrália requer apenas juntar dinheiro; que amigos e amigas são eternos. Deixei de acreditar no casamento na igreja, no tal vestido branco e em ter filhos. Deixei de acreditar que basta queremos muito uma profissão para ela se concretizar; que pessoas não envenenariam meus cães; que chegar em casa é estar seguro. Que a medicina ocidental é infalível. Que as pessoas viveriam para sempre. Que o nosso mérito é sempre reconhecido.

“De tanto você não me dizer, eu fui perdendo a palavra. De tanto você não me sentir, eu fui perdendo o sentido. De tanto você não me querer, eu fui fazendo o mesmo”
(Juão França).

14 September 2006

Reconstruindo....



Estou quase fazendo aniversário... dia 20/11 faço 29 aninhos... E resolvi que é hora de me reconstruir. A idéia é viver melhor daqui para frente.

Ai resolvi fazer terapia. E hoje foi a primeira consulta. E foi ótimo.

Primeiro escolhi alguém que fosse de uma linha da psicologia que eu gostasse. Nunca conseguiria fazer terapia com um freudiano ou behaviorista. Num gosto dessas linhas..

Minha psicologa é Jungiana. E tem uma visão holistica das coisas. Eu curto visões holísticas. Acho que uma das inúmeras falhas que a medicina ocidental (bem como a sociedade ocidental) é separar as coisas. Mente, corpo e espírito são ligados. E acho que muito ligados.

A partir da mente, que eu acho que tem muito poder, vou curar as outras coisas... E abrir meu espírito.

Bem... hoje foi apenas o começo da reconstrução...

Uma música maravilhosa e um clip que tem tudo a ver!

Gnarls Barkley-Crazy

duca

04 September 2006

Semana da Pátria - Heroinas nacionais.. Cadê?

Saiu no Correio Brasiliense uma matéria falando sobre a falta de heroínas nacionais. Bem, devo destacar que elas existem. Sempre existiram. Mas a historiografia tradicional, prefere colocar as mulheres "dentro de casa", escondidinhas.... Bem, aqui vai a crítica.

Para a professora Diva Couto Gontijo Muniz, especialista em História das Mulheres no Programa de Pós-Graduação em História da UnB(E MIHA PROFESSORA, YES!): "As mulheres brasileiras nunca ficaram na janela vendo a banda passar. Não foi assim, foi escrito assim. É uma história que precisa e está sendo reescrita", comenta a historiadora da UnB. Em vários episódios, elas tiveram atuação importante.

Nomes de heroínas não faltam. Para o Coronel Manoel Soriano Neto, Historiador militar, lembra de pelo menos cinco mulheres que mereciam o título: Rosa da Fonseca, mãe do Marechal Deodoro da Fonseca, Anita Garibaldi, Ana Néri, Jovita Feitosa, que lutou na Guerra do Paraguai, e Clara Camarão, desconhecida de muitos brasileiros, era mulher de Antônio Felipe Camarão, o índio Poti. Guerreira, participou ao lado dele de várias campanas, inclusive a primeira Batalha dos Guararapes para a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro.

Maria Quitéria (1792-1853)
Merece o título de primeira heroína brasileira. Ela cortou o cabelo, comprimiu os seios com tiras de pano, vestiu a farda de um cunhado e alistou-se com o nome dele (José Cordeiro de Medeiros) no Regimento de Artilharia para lutar pela expulsão dos portugueses e a independência da Bahia. Era o soldado Medeiros. Foi descoberta e transferida para o Batalhão dos Periquitos. Destacou-se por sua bravura e foi condecorada com a insígnia dos Cavaleiros da Imperial Ordem do Cruzeiro e é a patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Maria Quitéria é chamada heroína da independência. Era uma mulher bonita, que montava, caçava, manejava armas de fogo e dançava lundus com os escravos. Apesar do pioneirismo da sertaneja baiana, somente em 1992 as mulheres foram aceitas no Exército, mas até hoje não podem participar efetivamente das batalhas.

Segundo a Profa. Diva "A Imperatriz Leopoldina (casada com D.Pedro I) atuou ativamente no grupo pró-independência de José Bonifácio". Em agosto de 1822, com a iminência de uma guerra civil que pretendia separar a província de São Paulo do Brasil, D. Pedro passou temporariamente o poder à Leopoldina, nomenado-a Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país. E Foi ela que assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado da metrópole. Não dava para esperar D. Pedro voltar da viagem a Santos, onde em 7 de setembro, às margens do Ipiranga, declarou a independência do Brasil de Portugal com o tal grito "independência ou morte". Foi dela também a idéia da primeira bandeira do Brasil: com o verde da família Bragança, de D. Pedro, e o amarelo ouro da família Habsburg, da qual descendia.

Joana Angélica de Jesus, abadessa do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador, é considerada mártir da independência da Bahia. Em 1822, os brasileiros baianos lutavam contra as tropas portuguesas, que não concordavam com a ruptura com a Corte. Os soldados cometiam excessos, invadiam casas de famílias e pretendiam entrar no convento. Joana Angélica ordenou às monjas que fujissem pelo quintal e pôs-se na entrada. Foi assassinada a golpes de baioneta. A revolta na Bahia continua até 2 de julho.

Anita Garibaldi (1821-1849)
Nasceu em Laguna, na então província de Santa Catarina. Desde 1835, os gaúchos estavam em luta aberta contra o Império, chefiados por Bento Gonçalves, na Guerra dos Farrapos. Os revoltosos pretendiam proclamar a República no Brasil. O italiano Giuseppe Garibaldi ofereceu seus serviços aos revoltosos do Rio Grande do Sul. Anita o conheceu na casa dos parentes da mãe da moça e apaixonaram-se e dias depois acertaram o plano de fuga. Ela participou bravamente dos combates, ao lado do marido.

Ana Néri (1814-1880)
Pioneira na enfermagem em campo de batalha, nasceu na Bahia. Quando a Guerra do Paraguai começou, em dezembro de 1864, ela morava em Salvador com três filhos. Em 8 de agosto de 1865, enviou ofício ao presidente da província oferecendo-se para trabalhar como enfermeira na guerra. Alegava dois motivos: atenuar o sofrimento dos que lutavam pela defesa da pátria e estar junto aos filhos, que já se achavam na frente de batalha. Ana não esperou a resposta e embarcou junto com o exército de voluntários em 13 de agosto de 1865.


Princesa Isabel
Filha de D. Pedro II, e neta, portanto, de Leopoldina, a princesa imperial e regente do Império no Brasil uniu-se aos partidários da abolição da escravatura. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Por isso, é chamada hoje de A Princesa das Camélias. Em 13 de maio de 1888, ela assinou a Lei Áurea que extinguiu a escravidão no Brasil, contrariando os interesses da elite cafeeira. Era partidária de idéias modernas para a sua época, como o voto feminino e a reforma agrária.