04 September 2006

Semana da Pátria - Heroinas nacionais.. Cadê?

Saiu no Correio Brasiliense uma matéria falando sobre a falta de heroínas nacionais. Bem, devo destacar que elas existem. Sempre existiram. Mas a historiografia tradicional, prefere colocar as mulheres "dentro de casa", escondidinhas.... Bem, aqui vai a crítica.

Para a professora Diva Couto Gontijo Muniz, especialista em História das Mulheres no Programa de Pós-Graduação em História da UnB(E MIHA PROFESSORA, YES!): "As mulheres brasileiras nunca ficaram na janela vendo a banda passar. Não foi assim, foi escrito assim. É uma história que precisa e está sendo reescrita", comenta a historiadora da UnB. Em vários episódios, elas tiveram atuação importante.

Nomes de heroínas não faltam. Para o Coronel Manoel Soriano Neto, Historiador militar, lembra de pelo menos cinco mulheres que mereciam o título: Rosa da Fonseca, mãe do Marechal Deodoro da Fonseca, Anita Garibaldi, Ana Néri, Jovita Feitosa, que lutou na Guerra do Paraguai, e Clara Camarão, desconhecida de muitos brasileiros, era mulher de Antônio Felipe Camarão, o índio Poti. Guerreira, participou ao lado dele de várias campanas, inclusive a primeira Batalha dos Guararapes para a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro.

Maria Quitéria (1792-1853)
Merece o título de primeira heroína brasileira. Ela cortou o cabelo, comprimiu os seios com tiras de pano, vestiu a farda de um cunhado e alistou-se com o nome dele (José Cordeiro de Medeiros) no Regimento de Artilharia para lutar pela expulsão dos portugueses e a independência da Bahia. Era o soldado Medeiros. Foi descoberta e transferida para o Batalhão dos Periquitos. Destacou-se por sua bravura e foi condecorada com a insígnia dos Cavaleiros da Imperial Ordem do Cruzeiro e é a patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Maria Quitéria é chamada heroína da independência. Era uma mulher bonita, que montava, caçava, manejava armas de fogo e dançava lundus com os escravos. Apesar do pioneirismo da sertaneja baiana, somente em 1992 as mulheres foram aceitas no Exército, mas até hoje não podem participar efetivamente das batalhas.

Segundo a Profa. Diva "A Imperatriz Leopoldina (casada com D.Pedro I) atuou ativamente no grupo pró-independência de José Bonifácio". Em agosto de 1822, com a iminência de uma guerra civil que pretendia separar a província de São Paulo do Brasil, D. Pedro passou temporariamente o poder à Leopoldina, nomenado-a Princesa Regente Interina do Brasil, com poderes legais para governar o país. E Foi ela que assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil separado da metrópole. Não dava para esperar D. Pedro voltar da viagem a Santos, onde em 7 de setembro, às margens do Ipiranga, declarou a independência do Brasil de Portugal com o tal grito "independência ou morte". Foi dela também a idéia da primeira bandeira do Brasil: com o verde da família Bragança, de D. Pedro, e o amarelo ouro da família Habsburg, da qual descendia.

Joana Angélica de Jesus, abadessa do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador, é considerada mártir da independência da Bahia. Em 1822, os brasileiros baianos lutavam contra as tropas portuguesas, que não concordavam com a ruptura com a Corte. Os soldados cometiam excessos, invadiam casas de famílias e pretendiam entrar no convento. Joana Angélica ordenou às monjas que fujissem pelo quintal e pôs-se na entrada. Foi assassinada a golpes de baioneta. A revolta na Bahia continua até 2 de julho.

Anita Garibaldi (1821-1849)
Nasceu em Laguna, na então província de Santa Catarina. Desde 1835, os gaúchos estavam em luta aberta contra o Império, chefiados por Bento Gonçalves, na Guerra dos Farrapos. Os revoltosos pretendiam proclamar a República no Brasil. O italiano Giuseppe Garibaldi ofereceu seus serviços aos revoltosos do Rio Grande do Sul. Anita o conheceu na casa dos parentes da mãe da moça e apaixonaram-se e dias depois acertaram o plano de fuga. Ela participou bravamente dos combates, ao lado do marido.

Ana Néri (1814-1880)
Pioneira na enfermagem em campo de batalha, nasceu na Bahia. Quando a Guerra do Paraguai começou, em dezembro de 1864, ela morava em Salvador com três filhos. Em 8 de agosto de 1865, enviou ofício ao presidente da província oferecendo-se para trabalhar como enfermeira na guerra. Alegava dois motivos: atenuar o sofrimento dos que lutavam pela defesa da pátria e estar junto aos filhos, que já se achavam na frente de batalha. Ana não esperou a resposta e embarcou junto com o exército de voluntários em 13 de agosto de 1865.


Princesa Isabel
Filha de D. Pedro II, e neta, portanto, de Leopoldina, a princesa imperial e regente do Império no Brasil uniu-se aos partidários da abolição da escravatura. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Por isso, é chamada hoje de A Princesa das Camélias. Em 13 de maio de 1888, ela assinou a Lei Áurea que extinguiu a escravidão no Brasil, contrariando os interesses da elite cafeeira. Era partidária de idéias modernas para a sua época, como o voto feminino e a reforma agrária.

1 comment:

Marjorie Chaves said...

Eita garota arraso neste post viu? Bem, sou suspeita em falar destes silenciamentos historiográficos... Assim como você, aluna da Diva, tive a oportunidade de conhecer melhor a História das Mulheres e perceber o quanto ainda temos que fazer enquanto mulheres, pesquisadoras, feministas, brasileiras e historiadoras!

Como diz a Tania, estas mulheres não são exceções, são apenas algumas que os hitoriadoRES não conseguiram ocultar.

Beijos.