Savannah deu tempo ao tempo. Esperou folhas das árvores se tornarem verdes, amarelarem, se tornarem marrons e cairem. E todas as árvores ficarem secas. Aparentemente sem viço, mas cheias de força para um novo começo.
Para Savannah isso durou apenas uns poucos dias. E ela decidiu mudar-se.
Reuniu os empregados e deu as ordens. Que eles arrumassem tudo, arrastassem os móveis e se livrassem daquela poeira estanque que se acumulou nos cantos escuros, para as quais ela sempre fechou os olhos. Mandou que eles tirassem os quadros da parede e os separou em dois grupos: os que valiam a pena serem carregados durante a mudança e os que deveriam ser queimados.
Sim, Savannah não deixaria nada para trás. Nenhum objeto, nenhuma marca, tudo que lembrasse ela naquele lugar deveria sumir.
Ela permaneceu junto à grande pilha de obras de arte, móveis, utensílios, roupas e uns tantos bens que tinham significado apenas para ela, contemplando. Depois, arremessou o lampião cheio de querosene sobre aquele monte de nada e viu o fogo surgir, crescer, arder e criptar. E viu a imensa pilha de coisas se tornar um grande amontoado de nada. E quando o vento vindo do sul soprou, como que esperando seu momento de agir, tudo voou para longe, se perdendo na imensidão daquele lugar.
Savannah olhou as carroças carregadas com o que ela e apenas ela decidira que valia a pena levar para o outro tempo. Soltou os cabelos e rasgou as mangas do vestido simples, querendo assim ser simples novamente. Subiu na primeira carroça, a que transportava seus bens pessoais e de lá de cima, arremessou um outro lampião, desta vez para dentro da casa que tinha sido seu lar durante todo o tempo da batalha.
Os empregados gritaram, desesperados por verem aquela grande e imponente fortaleza de vento começar a ser tomada pelo vermelho intenso. Mas nada fizeram para combater o fogo. Savannah não esperou que a casa viesse a baixo. Deu com o chicote nos bois que carregariam sua carroça e olhou para o além.
Foi tudo tão rápido, tão inesperado para os outros, que quando estiveram lá, poucas horas depois de sua partida, não havia nenhuma marca de que em qualquer tempo alguém tivesse habitado por ali, fincado raízes e plantado árvores. Era apenas um grande vazio.
Savannah conduziu por muito tempo. Rumo ao novo lugar, onde ela buscaria um novo começo, da velha história de tanto tempo. Mas dessa vez, ela era nova. A outra Savannah pereceu sob o fogo. E um vento sul soprou. Sozinho.
23 July 2007
Savannah - parte 4
Soprado por Sartaris às 4:24 PM
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