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12 November 2009

Savannah e o frio


Savannah escorou-se na parede e lentamente desceu até poder abraçar as pernas com seus braços. E assim ficou um bom tempo, com medo. Muito medo do frio. Passou boa parte daqueles dias apenas contemplando o vazio, olhando o além, se abraçando e se protegendo do frio. Frio esse que nunca chegou. Seu medo de que o frio fizesse parar seu coração, congelar seu sangue, petrificar sua espinha nunca se concretizou. Mas ela já não sabia então como parar de sentir aquele medo do frio. E mais ainda. Savannah não sabia como parar de sentir o frio que ela não sentia. Que ela nunca sentiria novamente.


Mas sentada ali, durante épocas e épocas, ela simplesmente se esqueceu de que vivia, que era quente e de que pulsava. Esqueceu-se das cores que emanava, dos sons que vibrava e de que toda a emoção vinha dela.

Savannah se prendeu. E assim se manteve. Não tinha coragem de olhar para si e visualizar caminho aberto a sua frente, esperando intocado.

Por medo do frio ela apenas ficou sentada, se abraçando, encostada na parede, deixando os outros olharem para ela com seus olhos frios de descaso. Até o fim daquela primavera dolorida e gelada, quando ela conseguiu, em muito tempo, mover seus olhos para o alto e ver o sol. E o frio começou a se dissipar. O frio que ela nunca havia sentido.