08 February 2006

Quem ama não mata, não espanca, não maltrata!

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PERNAMBUCO: Estado é líder em mulheres mortas
Fonte:
http://www2.correioweb.com.br/cbonline/brasil/pri_bra_101.htm
Conhecido por suas praias e pelo Carnaval, Pernambuco é, desde 2002, líder de um ranking assustador. O estado é recordista nacional no número de mulheres assassinadas. Até hoje, 38º dia do ano, 44 mulheres foram mortas de forma violenta. Diante da gravidade do quadro, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres do Governo Federal, Nilcéia Freire, esteve ontem em Recife para anunciar as ações do governo federal de fortalecimento de uma rede local de atendimento à mulher. A maior parte dos crimes ainda é cometida por namorados, maridos e outros familiares. Mas o percentual de homicídios que ocorrem em espaços públicos já representa cerca de 40% dos casos.
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É Absurdo. É um número tão bizarro que não parece real. Estamos vivendo no Afeganistão, onde uma mulher vale menos que a gasolina usada na imolação dela? Ou vivemos em pequenos Afeganistões pelo Brasil a fora?

Quando um número assusta como essa estatística de Pernambuco, aí faz-se o maior fuzuê. Todos os jornais dedicam algumas linhas ao assunto, chamam um especialista para falar, colocam foto e coisa e tal. E a noite mais uma mulher leva uma corsa, é faqueada, baleada, estuprada, espancada, humilhada, etc etc etc.... E praticamente no dia seguinte não se fala mais no assunto. E a vítima virou estatística. E o Brasil continua lindo.....

É ultrajante pensar que, desde o começo do ano, uma mulher morreu por dia em Pernambuco, vítima de violência. E façamos as correspondências. Como será esta realidade em São Paulo? E no Rio? Em Minas Gerais, quantas morrerão?

E até quando as pessoas vão continuar achando que em briga de marido e mulher não se mete a colher? Quantas mais morrerão até a sociedade compreenda que não tem essa de “ele não sabe porque está batendo, mas ela sabe porque está apanhando”. Até que ponto as estatísticas deverão crescer para que a sociedade pare de repetir a bobagem “o feminismo não tem mais razão de existir porque as mulheres conquistaram tudo o que queriam”.

A Ministra faz o que pode, a deputada Jandira também. Levam a diante projetos de lei, incentivam a discussão, a formação de redes de apoio. Paliativos. Infelizmente não é por falta de lei que as mulheres são assassinadas. É por falta de valorização. Porque as mulheres são desvalorizadas como indivíduos e supervalorizadas como sexo. Porque os homens acham que têm direito de matar, de espancar. Porque eles acham que podem bater, que não quer dizer sim, que todas são vagabundas, que mulher é para servir, na mesa e na cama.

Pernambuco apenas escancarou a verdade mórbida da realidade de milhares de cidadãs brasileiras que vivem com medo e morrem com violência. Mas nas grandes cidades e nos vilarejos mais simples, a diferença de gênero continua sendo usada politicamente, para justificar os maus tratos a que as mulheres são expostas, a desvalorização das profissionais, a exploração sexual, etc, etc, etc.

Para saber mais: A Denise falou disso no
Sindrome de Estocolmo e indicou o Grupo Origem, lá de Recife.

2 comments:

tresporquatro said...

Putz, que foda, ainda esta semana, um cara deu um tapão na namorada, lá no Pôr-do-Sol. Que merda de mundo.

Marjorie Chaves said...

É um absurdo que em pleno século XXI nós mulheres ainda temos que lutar por respeito. Também já cansei desta história de que as mulheres já conquistaram tudo... A luta vêm desencadeando vitórias, mas ainda há muito o que ser feito. Esta violência tolerada, silenciada, "justificável" é algo que ainda não consigo compreender. Isto porque a sociedade pensa que a violência contra as mulheres é uma problema de mulheres. Não, a violência contra as mulheres é um problema de TOD@S! Quero ver o dia em que os homens irão se manifestar por eles mesmos dizendo que não são estes monstros, que nem todos praticam a misoginia que nos transforma em vítimas. Será um dia?

Eu ainda tenho esperança.

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