02 October 2006

Sufragettes e sufragetes...

O MOVIMENTO SUFRAGISTA

O sufrágio universal foi uma das principais conquistas dos homens da classe trabalhadora. Tal conquista, no entanto, não incluía o sufrágio feminino, que foi uma luta específica abrangendo mulheres de todas as classes. Teve lugar então uma mobilização de dois milhões de mulheres, tornando essa batalha um dos movimentos políticos de massas de maior significação no século XX. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.

Sufragetes americanas
Pode-se destacar, como pontapé inicial do movimento sufragista feminino americano, a Convenção dos Direitos da Mulher, convocada em Seneca Falls, em 1848. Nesta Convenção, redigiu-se uma tradução da Declaração de Independência dos Estados Unidos, que começava com a frase: "Acreditamos que estas verdades são evidentes: que todos os homens e mulheres foram criados iguais...". Só em 1920 foi concedido o voto às mulheres, terminando uma luta iniciada 72 anos antes.

Sufragetes inglesas
Na Inglaterra, a luta pelo direito de voto processou-se de forma semelhante à americana, tendo-se, no entanto, revestido na sua etapa final de características mais violentas. Por volta de 1913, as sufragistas inglesas dividem-se entre as "pacifistas" e as chamadas suffragettes, que, atuaram de forma cada vez mais radical, chegando a causar danos à propriedade e a outros bens materiais como forma de chamar a atenção. Só alcançaram este direito em 1928, depois de um longo processo de luta que se estendeu por mais de seis décadas.

Sufragetes Brasileiras
Em 1922, Berta Lutz fundava no Rio de Janeiro a "Federação Brasileira pelo Progresso Feminino" para reivindicar entre outras coisas o direito ao voto da mulher brasileira. Com a F. B. P. F Berta Lutz conseguiu entre outras coisas, tornar oficial o Dia das Mães, o Dia das Crianças e o Dia da Paz. Nos Estados Unidos, como presidente da União Interamericana de Mulheres, pediu garantias trabalhistas para a mulher operária e participou naquela ocasião do Congresso Pan-Americano da Mulher, realizado em Baltimore.
Em 1931, no Recife, era formada a "Cruzada Feminista Brasileira", que buscava entre inúmeras coisas, reivindicar o direito de voto ao lado da F. B. P. F de Berta. O que acontecia no exterior, principalmente as conquistas femininas, encontrava grande repercussão no Brasil, fazendo com que o Governo Provisório da República Nova acatasse algumas das reivindicações feministas. O direito de voto às mulheres é concedido em 1932.

Em 1934, São Paulo elege a primeira deputada federal, Dra. Cartola Pereira de Queirós. Abaixo, o discurso que ela proferiu em 13 de março de 1934:
"Além de representante feminina, única nesta Assembléia, sou, como todos os que aqui se encontram, uma brasileira, integrada nos destinos do seu país e identificada para sempre com os seus problemas. (...) Acolhe-nos, sempre, um ambiente amigo. Esta é a impressão que me deixa o convívio desta Casa. Nem um só momento me senti na presença de adversários. Porque nós, mulheres, precisamos ter sempre em mente que foi por decisão dos homens que nos foi concedido o direito de voto. E, se assim nos tratam eles hoje, é porque a mulher brasileira já demonstrou o quanto vale e o que é capaz de fazer pela sua gente. Num momento como este, em que se trata de refazer o arcabouço das nossas leis, era justo, portanto, que ela também fosse chamada a colaborar. (...) Quem observar a evolução da mulher na vida, não deixará por certo de compreender esta conquista, resultante da grande evolução industrial que se operou no mundo e que já repercutiu no nosso país. Não há muitos anos, o lar era a unidade produtora da sociedade. Tudo se fabricava ali: o açúcar, o azeite, a farinha, o pão, o tecido. E, como única operária, a mulher nele imperava, empregando todas as suas atividades. Mas, as condições de vida mudaram. As máquinas, a eletricidade, substituindo o trabalho do homem, deram novo aspecto à vida. As condições financeiras da família exigiram da mulher nova adaptação. Através do funcionalismo e da indústria, ela passou a colaborar na esfera econômica. E, o resultado dessa mudança, foi a necessidade que ela sentiu de uma educação mais completa. As moças passaram a estudar nas mesmas escolas que os rapazes, para obter as mesmas oportunidades na vida. E assim foi que ingressaram nas carreiras liberais. Essa nova situação despertou-lhes o interesse pelas questões políticas e administrativas, pelas questões sociais. O lugar que ocupo neste momento nada mais significa, portanto, do que o fruto dessa evolução".

Obrigada a todas as Sufragetes que nos possibilitaram o direito ao voto. Infelizmente, ontem, exercer esse direito foi na verdade uma obrigação idiota. Sem candidatos que valessem a pena, acabei votando por votar, na verdade pela obrigação imposta no direito ao voto. Votei, por vocês, que lutaram tanto para que eu pudesse ontem, 01/10/2006, chegar à urna eletrônica e digitar os números de cada uma dos “meus candidatos”. Tenho certeza que nunca passou pela cabeça de vocês essa podridão política que vivemos hoje nesse rincão chamado Brasil.

Meu voto vai para vocês, Sufragetes, hoje e sempre!

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2 comments:

Marjorie Chaves said...

Opa, o meu voto também é para elas... sou suspeita em dizer né? Adorei este panorama sobre as ações destas mulheres!

Tenho ouvido dizer que mulheres não votam em mulheres... Temos que mudar este quadro.

Adorei.

Beijos.

Sartaris said...

Eu votei em uma mulher.... Mas gostaria de ter votado na Frossard e na Feghali, lá do Rio....

As opções de mulheres aqui no DF foram fracas...

Beijocas